quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Cantor da MPB será expulso de mansão de R$ 4,5 milhões pelo Metrô de SP. Entenda o caso.

Com 50 milhões de discos vendidos, o cantor Benito Di Paula, 72, está numa situação que nunca pensou enfrentar: seu casarão no Morumbi (SP), onde mora há 30 anos, será desapropriado pelo Metrô de São Paulo para construção da linha 4-Amarela. A briga envolve o preço do imóvel — enquanto o governo ofereceu R$ 500 mil, o músico avalia a casa em R$ 4,5 milhões. Veja nas próximas fotos o drama do artista e saiba o que fazer caso o seu imóvel seja desapropriado.
 Com 50 milhões de discos vendidos, o cantor Benito Di Paula, 72, está numa situação que nunca pensou enfrentar: seu casarão no Morumbi (SP), onde mora há 30 anos, será desapropriado pelo Metrô de São Paulo para construção da linha 4-Amarela. A briga envolve o preço do imóvel — enquanto o governo ofereceu R$ 500 mil, o músico avalia a casa em R$ 4,5 milhões. Veja nas próximas fotos o drama do artista e saiba o que fazer caso o seu imóvel seja desapropriado Reportagem: Luiz Betti, do R7
Famoso nos anos 70 por músicas como Charlie Brown e Mulher Brasileira, Benito di Paula é dono de um sobrado de 900 metros quadrados (500 construídos) com piscina no Morumbi, zona oeste da capital. Ele conta que as negociações com o Metrô não tem sido amigáveis.

— Poderia vir uma pessoa e conversar educadamente, explicar os procedimentos. Mas não, eles mandaram uma intimação informando que eu perderei minha casa. Eles não falam com você, eles te intimidam

Famoso nos anos 70 por músicas como Charlie Brown e Mulher Brasileira, Benito di Paula é dono de um sobrado de 900 metros quadrados (500 construídos) com piscina no Morumbi, zona oeste da capital. Ele conta que as negociações com o Metrô não tem sido amigáveis.— Poderia vir uma pessoa e conversar educadamente, explicar os procedimentos. Mas não, eles mandaram uma intimação informando que eu perderei minha casa. Eles não falam com você, eles te intimidam
O cantor afirma que o casarão, comprado no início dos anos 80, foi avaliado abaixo do seu valor real por um perito do governo. 

— Primeiro eles ofereceram R$ 550 mil, sendo que eu vi apartamentos pequenos à venda nesse valor aqui no bairro. Ele [perito] chega e coloca um preço como se fosse a casa dele.

O cantor afirma que o casarão, comprado no início dos anos 80, foi avaliado abaixo do seu valor real por um perito do governo. — Primeiro eles ofereceram R$ 550 mil, sendo que eu vi apartamentos pequenos à venda nesse valor aqui no bairro. Ele [perito] chega e coloca um preço como se fosse a casa dele
Nascido no Rio de Janeiro, Benito conta que tem uma família simples e ainda é responsável por parte do sustento de seus dez irmãos. 

— Eu sempre fui o arrimo de família (responsável pelo sustento). Muita gente diz que eu devia estar rico, mas é difícil juntar dinheiro e manter uma família grande. Tem alguns [irmãos] casados, mas sempre pedem algo.
Nascido no Rio de Janeiro, Benito conta que tem uma família simples e ainda é responsável por parte do sustento de seus dez irmãos. — Eu sempre fui o arrimo de família (responsável pelo sustento). Muita gente diz que eu devia estar rico, mas é difícil juntar dinheiro e manter uma família grande. Tem alguns [irmãos] casados, mas sempre pedem algo
O músico da MPB relembra que trabalhou em cabarés e morou em favelas na cidade maravilhosa antes de vir a São Paulo. 

— Com muito orgulho digo que vou ceder minha casa para um metrô que vai passar na favela, isso é legal pra caramba!

O músico da MPB relembra que trabalhou em cabarés e morou em favelas na cidade maravilhosa antes de vir a São Paulo. — Com muito orgulho digo que vou ceder minha casa para um metrô que vai passar na favela, isso é legal pra caramba!
Não por acaso, houve uma “aproximação natural” do cantor com seus vizinhos da favela de Paraisópolis, no Morumbi.
     
— Certa vez teve falta de água na comunidade, aí eu coloquei uma mangueira pra eles [vizinhos] pegarem água, dar banho nas crianças, fazer comida... Eu considero muito o pessoal da vizinhança, sempre educados, solícitos e atenciosos comigo.

Não por acaso, houve uma “aproximação natural” do cantor com seus vizinhos da favela de Paraisópolis, no Morumbi.     — Certa vez teve falta de água na comunidade, aí eu coloquei uma mangueira pra eles [vizinhos] pegarem água, dar banho nas crianças, fazer comida... Eu considero muito o pessoal da vizinhança, sempre educados, solícitos e atenciosos comigo
Benito, que mora com o filho mais velho Rodrigo Velloso (foto), comenta que não tem a mesma proximidade com os vizinhos endinheirados do Morumbi e critica a ação do Metrô na desapropriação de sua casa. 

— O próprio governo fazendo isso com a gente? Não pode. Se eles fazem isso aqui no Morumbi, imagina o que eles fazem na periferia?

Benito, que mora com o filho mais velho Rodrigo Velloso (foto), comenta que não tem a mesma proximidade com os vizinhos endinheirados do Morumbi e critica a ação do Metrô na desapropriação de sua casa. — O próprio governo fazendo isso com a gente? Não pode. Se eles fazem isso aqui no Morumbi, imagina o que eles fazem na periferia?
O cantor comenta que, após avaliar sua casa em R$ 500 mil, o metrô subiu a oferta para R$ 1,1 milhão. Mesmo assim, afirma que o valor ainda está abaixo da média dos imóveis parecidos na região. 

— Eu não quero o valor que eu paguei, mas o valor que me possibilite comprar uma casa idêntica ou parecida com a minha.

Quando comprou a mansão no início dos anos 80, Benito pagou 4,5 bilhões — equivalente a cerca de R$ 4,5 milhões atualmente, de acordo com as contas do cantor. Ele diz, porém, que aceita metade desse valor.

— Nem o valor que oferecem, nem o valor que seria. Eu quero colaborar e não estou infeliz com o metrô, mas com o que o metrô está fazendo. Com certeza isso não está acontecendo só comigo.

Lobo afirma que, se a pessoa não tiver dinheiro para contratar um advogado, ela pode buscar ajuda na defensoria pública. A segunda recomendação do jurista é não assinar documentos. — A pessoa que sofre desapropriação nunca deve assinar nada sem que tenha sido feito um estudo adequado e concreto do seu caso, para que não seja induzido ao erro pelo avaliador ou expropriante, que deseja pagar um valor mais baixo
Lobo afirma que, se a pessoa não tiver dinheiro para contratar um advogado, ela pode buscar ajuda na defensoria pública. A segunda recomendação do jurista é não assinar documentos. 

— A pessoa que sofre desapropriação nunca deve assinar nada sem que tenha sido feito um estudo adequado e concreto do seu caso, para que não seja induzido ao erro pelo avaliador ou expropriante, que deseja pagar um valor mais baixo.


O jurista afirma que o prazo do processo da desapropriação depende do tempo que o judiciário leva pra fazer o laudo da avaliação e o expropriante fazer o pagamento. Ele afirma ainda que vínculos afetivos ou eventuais afastamento da família não costuma ser considerados governo, cuja obrigação é pagar um valor justo no imóvel.
  O Metrô afirmou que, caso o proprietário discorde da avaliação do perito, o processo sobre o valor definitivo pode continuar no Poder Judiciário.  

— Vale destacar que os proprietários conseguem levantar 80% do valor depositado em juízo pelo Metrô se cumpridas algumas exigências legais, como, por exemplo, comprovar a propriedade, por certidão atualizada da matrícula do bem (obtida no Cartório de Registro de Imóveis em que estiver registrado o bem expropriado).
Procurado pelo R7, o Metro de São Paulo afirmou que, em processos de desapropriações, utiliza um perito nomeado pela Justiça para fazer uma vistoria na propriedade. — É a partir da vistoria que se fixa o valor provisório, que deverá ser depositado pelo Metrô no processo para assegurar a posse do imóvel
Segundo a APEJESP (Associação dos Peritos Judiciais do Estado de São Paulo), a profissão de perito judicial não é regulamentada, mas exige que o postulante tenha ensino superior em sua áreas de atuação. O perito José Geraldo Fonseca atua em fóruns da capital e de São Caetano em processos de desapropriação. Veja a seguir dicas de como agir nesses casos.
Segundo a APEJESP (Associação dos Peritos Judiciais do Estado de São Paulo), a profissão de perito judicial não é regulamentada, mas exige que o postulante tenha ensino superior em sua áreas de atuação. O perito José Geraldo Fonseca atua em fóruns da capital e de São Caetano em processos de desapropriação. Veja a seguir dicas de como agir nesses casos
O perito formado em engenharia e arquitetura diz que são considerados dois aspectos em desapropriações: o terreno e a construção do imóvel. No primeiro caso, é realizada uma pesquisa local para determinar o valor médio do metro quadrado na região.
Na segunda etapa (construção), são usados quatro critérios: padrão do imóvel; idade; estado de conservação e obsolescência — incapacidade de o imóvel atender às necessidades atuais, como uma mansão sem garagem, por exemplo.
Benito comenta que a Prefeitura cobrou o dobro do valor do seu IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e, mesmo ganhando o processo na justiça, não foi ressarcido pois o processo “caducou”. Em relação a sua casa, ele é direto. 

— Ora bolas, não tem necessidade de avaliar a casa. É só ver quanto eu paguei nesta casa pelo Imposto de Renda e avaliar o preço com base nisso.

O cantor conta que o perito responsável pela avaliação colocou uma sonda em seu terreno que retirou a água do solo, trazendo uma série de problemas.    

— Eu perdi o meu jardim, meu assoalho secou e o muro caiu; até rato está entrando. Deveriam fazer ao menos uma contenção do terreno. O perito falou: ‘Esse assoalho está ruim’. Eu respondi: ‘Claro, você tirou toda a água do 
meu terreno!
 Além dos prejuízos materiais, o músico comenta outras perdas que terá com a desapropriação de sua casa.

— Onde vou colocar meu piano, as plantas que eu cultivo, minha família? O valor emocional é tudo. Se eu for morar num lugar inferior a esse, que é o que estão me oferecendo, vou perder todo esse vínculo.
Segundo o índice Fipezap, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o atual preço médio do metro quadrado na região do Morumbi é de R$ 5.637. De acordo com pesquisa da Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), casas semelhantes a do cantor são vendidas por R$ 2,5 milhões, em média.
Apesar da polêmica com o metrô, Benito afirma que busca uma saída amigável para o caso. 

— Na vida tudo se resolve com educação e respeito ao cidadão. Eu nunca esperei passar por isso, mas vai se resolver. Tenho certeza de que ninguém quer atrapalhar a passagem do metrô. Ninguém pode ser contra o progresso, ele vai ajudar muitas pessoas. O que não pode é enxotar a gente.




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