quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Síndrome de Down: novo tratamento pode melhorar memória e aprendizado.

Cientistas testaram com sucesso em camundongos uma substância que melhora significativamente a capacidade cognitiva de animais com condição similar à síndrome de Down. Pessoas com essa condição tem um cerebelo com 60% do tamanho de uma pessoa comum. Com o tratamento, feito em camundongos recém-nascidos, o corpo "compensou" o crescimento dessa estrutura nos meses seguintes.
Cientistas testaram com sucesso em camundongos uma substância que melhora significativamente a capacidade cognitiva de animais com condição similar à síndrome de Down. Pessoas com essa condição tem um cerebelo com 60% do tamanho de uma pessoa comum. Com o tratamento, feito em camundongos recém-nascidos, o corpo "compensou" o crescimento dessa estrutura nos meses seguintes.
Imagem mostra diferença entre cerebelo de animal que recebeu o tratamento (esq.), que não recebeu e de um camundongo comum
Reeves afirma que os pesquisadores descobriram que os neurônios no cerebelo não se dividem devido à falta de ação de um fator de crescimento conhecido como via metabólica Sonic Hedgehog (nome em homenagem ao personagem de videogame). "Nós tratamos camundongos recém-nascidos com uma droga potencial (chamada de agonista da via Sonic Hedgehog, ou SAG, na sigla em inglês) que estimula esses neurônios a se dividirem. Nós a injetamos nos camundongos uma vez no dia em que nasceram e os analisamos três, quatro meses depois - o que é grosseiramente equivalente a um humano adulto. O cerebelo em camundongos trissômicos tratados tinha uma estrutura normal em todas as maneiras que pudemos medir."
Cientistas conseguem 'desligar' cromossomo da síndrome de Down
O mais surpreendente ocorreu depois. Os cientistas observaram uma melhora cognitiva no modelo animal - ao serem testados em labirintos, os camundongos tiveram melhora no aprendizado e na memória (conforme repetiam o teste, mais eles se lembravam do caminho certo), capacidades que pessoas com a síndrome de Down costumam ter comprometidas. Contudo, essas habilidades são geralmente controladas por outra estrutura neurológica, o hipocampo, e não o cerebelo.
"Provavelmente há uma relação íntima do desenvolvimento hipocampal a partir do desenvolvimento cerebelar (...) Isso é uma grande novidade. A gente sabia que existiam as duas coisas: uma função hipocampal comprometida e uma hipoplasia cerebelar, mas não tínhamos este link, que abre a possibilidade de interpretar e estudar de uma forma mais profunda essa relação", diz Zan Mustacchi, médico geneticista e um dos maiores especialistas do Brasil em Síndrome de Down e que não teve relação com o estudo. Para Mustacchi, se isso for confirmado, o estudo americano pode ter descoberto uma relação entre cerebelo e hipocampo - inclusive em pessoas sem a síndrome - que antes não conhecíamos. Mas isso ainda não é conclusivo, alertam os cientistas.
"Nós não sabemos se a melhora foi causada por uma melhor comunicação entre o cerebelo e o hipocampo ou foi efeito direto duradouro da exposição única do hipocampo à SAG. Nenhuma dessas (possibilidades) foi proposta antes. Esta é a grande pergunta que precisaremos responder", diz Reeves.


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