sexta-feira, 5 de abril de 2013

Entenda o conflito entre Coreia do Sul e Coreia do Norte.


o começo de fevereiro, o país confirmou seu terceiro teste nuclear e disse que ele teve “maior nível” que os anteriores, feitos em 2006 e 2009. No mês anterior, o regime de Kim Jong-un já havia ameaçado realizar esse teste como resposta à resolução tomada pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que ampliou as sanções ao país comunista como castigo pelo recente lançamento de um foguete de longo alcance. A ação foi qualificada pelo governo norte-coreano como uma medida prática para fazer frente às “hostilidades” dos Estados Unidos, país que há alguns dias o líder norte-coreano chamou de “inimigo jurado” . A ONU classificou isso como uma “ameaça” e abriu a porta para novas sanções. Além dessas, a União Europeia aplicou as suas, que incluem o veto à exportação de certos componentes que possam ser utilizados na fabricação de mísseis. Em resposta, a Coreia do Norte declarou o fim do cessar-fogo com a Coreia do Sul (a guerra entre os dois países nunca acabou de vez) e esta, por sua vez, iniciou exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos.
Para completar, a ONU reiterou suas já conhecidas denúncias de que o governo norte-coreano tem violado os direitos humanos da população e pediu maiores investigações. Entre os abusos documentados estão a crise alimentícia por causa das políticas de distribuição de alimentos controladas pelo Estado, que provoca imensos níveis de desnutrição, a restrição à entrada de assistência humanitária internacional, o uso da tortura e penas cruéis impostas a quem for considerado hostil ou contrário à ideologia oficial do governo. Em maio de 2011, a Anistia Internacional divulgou imagens de satélite que mostram o crescimento dos campos de prisioneiros políticos no país; a organização estima que lá trabalhem 200 mil pessoas em condições de escravidão. (Dica: para ler mais sobre isso – e treinar o inglês  que também apresentou acusações.).
Não se sabe o futuro das tensões na região e é bom ficar de olho no noticiário. Mas, para entender bem o que está acontecendo, é preciso dar uma olhada na história dos dois países. As informações a seguir foram tiradas do Almanaque Abril .
A divisão das Coreias
Segundo a lenda, no século anterior à Era Cristã, a atual península Coreana foi dividida em três reinos: Silla, Koguryo e Paekche. Nos séculos seguintes, o território foi disputado por chineses, mongóis, japoneses e russos. Em 1910, o Japão anexou a região e tentou suprimir a língua e a cultura coreanas. Na Segunda Guerra Mundial, milhares de coreanos foram levados para trabalhos forçados no país e em países sob seu domínio. Mas o Japão teve de se render em 1945, e a península Coreana foi dividida em duas zonas de ocupação pelos vencedores da guerra: uma norte-americana no sul, e outra soviética no norte, correspondendo ao antagonismo da Guerra Fria. Em 1948 são criados dois Estados: Coreia do Norte e Coreia do Sul.

Em 1950, os norte-coreanos invadem o sul. A ONU envia tropas, formadas principalmente por soldados norte-americanos, que contra-atacam e ocupam a Coreia do Norte. A China entra na guerra e, em 1951, conquista Seul, a capital sul-coreana. Nova ofensiva dos EUA empurra as tropas chinesas e norte-coreanas de volta ao paralelo 38 – a linha que separa as duas Coreias. Mais de 5 milhões de pessoas morrem em três anos de guerra, sendo que pelo menos 2 milhões são civis. A trégua assinada em 1953 cria uma zona desmilitarizada entre as duas Coreias, mas a guerra nunca foi oficialmente terminada.
No fim dos anos 1990, as Coreias ensaiaram uma aproximação: a crise econômica do Norte, cujo efeito mais dramático é a escassez de alimentos, o torna dependente de ajuda humanitária do Sul. O avanço do programa nuclear norte-coreano nos últimos anos, contudo, prejudica o processo de paz. Os dois países chegam à beira de um conflito em 2010, quando os norte-coreanos bombardeiam um navio e uma ilha da Coreia do Sul. Isso deflagrou um dos mais graves atritos entre os dois países desde o armistício de 1953.
Coreia do Norte: “Eixo do Mal”
Em 2002, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, incluiu a Coreia do Norte, junto com Iraque e Irã, no grupo que chamou de “eixo do mal” – uma lista de países que apoiam organizações terroristas ou produzem armas de destruição em massa. No mesmo ano, a Coreia do Norte inaugura uma zona industrial especial em Kaesong, onde empresas sul-coreanas se instalam e empregam a mão de obra norte-coreana. A instável relação entre os dois países, contudo, ameaça esse arranjo. Pyongyang também passa a liberar a atuação de comércios privados restritos.
Coreia do Sul: da ditadura à democracia
O Estado sul-coreano surgiu em maio de 1948, quando a zona ocupada pelos Estados Unidos (EUA), na metade sul da península, se torna um país independente sob a liderança do nacionalista Syngman Rhee. Em 1950, a nova nação é invadida pela Coreia do Norte, dando início à Guerra da Coreia, que dura até o armistício de 1953. Rhee permanece no poder até 1960, quando renuncia em meio a acusações de corrupção. Seu sucessor, Chang Myon, é deposto em 1961, em um golpe militar chefiado pelo general Park Chung Hee. Em 1972, após ser confirmado no cargo por eleições consideradas fraudulentas, Park instaura uma ditadura militar.
A era Park, na qual o autoritarismo coexiste com a modernização industrial, termina com seu assassinato, em 1979. Um mês depois, o general Chun Doo-Hwan lidera um golpe militar. Novos protestos, em 1987, obrigam Chun a convocar eleições diretas para a escolha de seu sucessor. O candidato governista, Roh Tae Woo, vence e, em 1992, faz de seu sucessor, Kim Young-Sam, o primeiro presidente civil depois de 30 anos. Em 1994, agrava-se a tensão com a Coreia do Norte, diante da recusa do vizinho em permitir a inspeção internacional de seus reatores nucleares. A crise é encerrada com um acordo promovido pelos EUA.

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