quarta-feira, 19 de março de 2014

Contra violência doméstica, campanha italiana quer salário para donas de casa

Remuneração mínima quer evitar que vítimas deixem de 
denunciar abusos 


Uma advogada e uma estrela de TV estão à frente de uma campanha na Itália para que seja criado um salário para as donas de casa do país. O objetivo é impedir que mulheres deixem de registrar casos de violência doméstica por medo de perder sua renda.
A iniciativa é liderada pela advogada e ex-deputada federal Giulia Bongiorno e pela conhecida apresentadora de televisão Michelle Hunziker. Elas argumentam que muitas mulheres italianas não registram casos de violência por parte dos maridos porque são economicamente dependentes de seus cônjuges.
A campanha quer criar um salário mínimo para donas de casa que não trabalham fora. A remuneração seria paga pelo governo ou pelos próprios maridos, no caso deles terem uma alta renda mensal. Na Itália há um número estimado de 5 milhões de 'casalinghe', ou donas de casa.
'Quanto mais se valoriza as mulheres, mais se reduz a discriminação', defende Giulia Bongiorno, que como deputada foi uma das responsáveis pela introdução de uma lei que pune a perseguição a mulheres. Segundo ela, o medo de cair na miséria impede muitos registros de violência doméstica.
A iniciativa não cita um montante fixo para a remuneração, mas diz que quanto maior a autonomia econômica, melhor. 'É claro que vão ridicularizar a proposta e vão lembrar que o país está em crise', diz Bongiorno. 'Mas nós devemos nos perguntar: afinal, quais são as reais prioridades do governo?'
'Defesa'
Bongiorno e Hunziker fundaram uma associação chamada 'Doppia Defesa' (dupla defesa, em português) que ajuda mulheres em perigo. Elas exigem que o governo do novo premiê italiano Matteo Renzi leve em consideração a criação do salário para donas de casa quando for reformar as regras do mercado de trabalho italiano, como prometeu.
A violência contra mulheres continua sendo um problema grave na Itália. Em 2013, 177 mulheres foram assassinadas no país, quase uma a cada três dias. Segundo a associação Telefone Rosa, especializada no apoio de mulheres, em quase 80% dos casos, parceiros, cônjuges ou ex-maridos foram os autores dos crimes.
O ministro italiano do interior, Angelino Alfano, confirmou poucos dias atrás que 'o número de homicídios está caindo na Itália, mas não o de feminicídios'. Só na primeira semana deste mês ocorreram mais seis assassinatos de mulheres.


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